Sou uma pessoa comum que certo dia se viu conectado a uma nova dimensão de consciência. Tudo isso começou há mais de 20 anos, e desde então venho servindo como intermediário e instrumento dos trabalhadores de última hora.
A passagem do meu avô, consumido meses a fio por um câncer, foi um divisor de águas na minha vida. Minha primeira reação foi afastar-me ainda mais das religiões tradicionais, incapazes de justificar porque coisas assim podiam acontecer.
Qualquer tentativa de explicação originada destas velhas crenças não fazia o menor sentido. Afinal, no meu raso entendimento, seria injustificável uma pessoa tão boa, feliz e dedicada à família e ao trabalho como meu avô ser submetida a desproporcional sofrimento.
Foi André Luiz e sua obra, pelas mãos de Chico Xavier, quem me chamou a atenção para algo mais além das ilusões deste mundo:
“Uma existência é um ato. Um corpo, uma veste. Um século, um dia. Um serviço, uma experiência. Uma morte, um sopro renovador. Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?
Hoje me sinto seguro ao afirmar, mesmo baseado em experiências de cunho pessoal e sem provas conclusivas, que a morte não existe. Das histórias ditadas que se transformaram este livro de psicografias, muitas foram as impressões que ficaram gravadas em minha mente.
Sensações angustiantes de fome, frio e sede. O desespero da forca, a tristeza dilacerante da solidão, o rancor da escravidão, a dor pela morte precoce, a revolta de ter a vida roubada por gesto traiçoeiro e a incredulidade de ver os bens sendo usurpados por terceiros.
Por outro lado, estão registradas para sempre no coração as sensações de júbilo, de elevação e de amor incondicional, pelo privilégio de ter sido o instrumento dos meus avós de outros amigos e personalidades iluminadas, em diversas ocasiões. Estes contatos renovaram minha fé no futuro e minha crença em um mundo melhor, além de me permitirem entreolhar uma nova dimensão de consciência.
De todas as lembranças, porém, a mais recorrente é a perplexidade da maioria ao compreender que o corpo não existe mais. É desconcertante identificar-se “do outro lado” e constatar que a situação não se transformou milagrosamente, como creem as massas.
Para alguns é ainda mais desconcertante tomarem ciência de que não são mais os detentores de cargos imponentes, títulos e bens acumulados por toda a vida, porque tudo isso simplesmente pertencia ao corpo que se foi.
Sim, o corpo se foi, mas a consciência continua viva, com as mesmas virtudes e vícios, porém sem o véu da hipocrisia humana.
Não há céu nem inferno. Existe pura e simplesmente a verdade que cada um constrói para si mesmo.