Rico comerciante, homem de família, fervoroso praticante de uma religião, morava em cidade pequenina em idos de 1921. Lá naquela pequenina cidade, ele, generoso, passou a auxiliar famílias necessitadas, em especial, várias delas, que eram sustentadas por mulheres viúvas.

Naquela cidadezinha pequena, poucas oportunidades de emprego haviam, o que incentivava os homens pais de família a saírem da cidade em busca de emprego, e muitos não mais voltavam, deixando as famílias entregues à própria sorte.

Este rico comerciante passou a auxiliar várias famílias. Sempre quando era procurado, ajudava, porém sempre pensando em depois da morte. Dizia garboso que estava comprando seu lugar no céu. Ajudava sempre, mas, em pensamento criticava muito os necessitados, os julgando preguiçosos e aproveitadores. - Deus vai me pagar!!! Essa era sua frase predileta. Julgava que os necessitados que ele agora ajudava estariam sempre abaixo dele.

Inexoravelmente, a morte o visitou e ele foi muito bem recebido pelos amigos espirituais. Este homem chegou ao plano espiritual iluminado e muito bem recomendado, era o que sempre lhe diziam os amigos espirituais. Mas qual não foi sua surpresa ao ver que muitos dos necessitados ajudados por ele estavam revestidos de luz mais brilhante que a sua. Ele, indignado questionou a um socorrista espiritual:

- Amigo, há uma coisa que eu não entendo... Perdoe-me, mas há algo errado aqui. Eu que em vida sempre fui bom, doei alimentação, roupas, trabalhei muito.... fui bem recebido aqui eu sei, mas... Esses preguiçosos tem mais luz que eu??? Quem está errado aqui, eu ou eles?

O amigo espiritual, com um sorriso amoroso o respondeu tranquilamente:

- Irmão, em sua estada na carne, realmente tu ajudaste a muitos necessitados. Muita fome e frio foram amparados por ti e por tua família. Por isto foste tão bem recebido quando da sua volta para cá. Mas, observe o que te direi... Apesar do bem feito por ti, em seu coração, além das críticas que fazias aos menos afortunados, tu sempre esperavas um pagamento, uma recompensa por teus atos. Quantas vezes em teus pensamentos tu dizias que fazias um investimento no céu? Pois bem. Está entre os bons espíritos. Mas eles, os necessitados, muitos deles foram ajudados por ti uma única vez, mas rezaram para ti o resto da vida. Enviaram pedidos calorosos aos céus, pedindo bênçãos para ti e para os teus, sempre no anonimato e de coração, sem esperar nada em troca. Muitas destas mulheres ajudadas por ti, te dariam a vida em agradecimento sincero. Então não há nenhuma injustiça nos desígnios de Deus. Tu querias teu pagamento e o teve. Eles, os necessitados de outrora, te enviaram pensamentos de amor, e este amor os reformou. Enquanto tu doavas roupas e alimentos, eles te doavam amor.

Na verdade, foram eles que te ajudaram.

Lúcio.